sexta-feira, 25 de maio de 2012

Máquina do Tempo

Por esses dias vivi uma experiência surreal.

O pai de um velho amigo meu, faleceu. O velório foi num domingo a tarde, na cidade onde eu nasci. Eu estava lá e pude comparecer.
Seu pai era alguém muito querido, uma pessoa realmente especial. Toda a sua família é muito amada, por muita gente. É claro que o local onde ocorreria o velório estaria lotado.

Quando entrei, não entrei num velório qualquer. Entrei numa verdadeira máquina do tempo.
Ali revi pessoas que não via há mais ou menos 20 anos.

Meus amigos e colegas, de meu tempo de adolescente, estavam ali. Todos com idade entre 38 e 45 anos. A maioria deles casados, a maioria com filhos. Os cabelos brancos aparecendo, os quilinhos a mais se fazendo presente, as marcas de expressão salientes no rosto. Todos responsáveis, todos vivendo suas vidas de adultos.

Olhei ao redor e vi ali várias crianças e adolescentes. Pessoas que, naquela época, nem existiam.
Aqueles que antes eram adultos, agora já estavam entrando na terceira idade, com seus 60, 70 anos.
E os que já estavam na terceira idade? Sim, eles também estavam ali, com seus mais de 80 anos, com suas muletas, cadeiras de rodas, andando devagarinho ou sentadinhos, curvados, emocionados ao verem seu companheiro partindo para a vida eterna.

Um versículo me veio ao coração:
"Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio". (Salmo 90:12)

Eu olhava e não acreditava. Conseguia ver, apesar de tanta diferença, os olhares que me eram tão familiares. Pessoas que, ao me olharem, com certeza pensaram algo do tipo "nossa, como ela está diferente". Vinte anos não são vinte dias. Mas ao me olharem me sorriam, um sorriso sincero, cheio de saudosismo.

Talvez eles estivessem sentindo o mesmo que eu.
Afinal, estávamos todos ali, na mesma máquina do tempo.